MEMÓRIAS ESMERALDINAS: Paysandu 2x3 América em 1920

              


O ano de 1920 começa e o América Futebol Clube resolve seguir o exemplo do Sport e seguiu para uma excursão a fim de realizar alguns jogos em Belém, capital do estado do Pará, e com isso conseguir maior visibilidade e lucro. A equipe verde e branca do Recife vinha em uma ascensão muito boa dentro do desporto pernambucano. O futebol começava a despontar como um evento de atração de ilustres pessoas que iam às nossas praças esportivas com a intenção de ver boas exibições do esporte que começava a se consolidar em nosso estado.

Depois de ver o Flamengo (de Casa Forte) ser o primeiro campeão estadual (1915) e o Sport puxar um bicampeonato (1916/1917) o América tratou de firmar-se como um dos grandes clubes esportivos locais e puxou também um bicampeonato (1918/1919) fazendo com que a sua direção sonhasse com voos mais altos.

No primeiro dia de fevereiro de 1920, enquanto a Europa via o processo de independência da República da Estônia e se curava das feridas da 1ª Guerra Mundial, o América do Recife desembarcava em Belém para a realização de seis partidas na “Metrópole da Amazônia” que ainda saboreava os lucros produzidos pelo primeiro ciclo da borracha.

Time do Paysandu S.C. em 1920
Aqui será dada atenção especial a uma grande vitória dos bicampeões pernambucanos em cima do Paysandu Sport Club por 3x2 que ocorreu no dia 22 de fevereiro daquele ano, sob a arbitragem do Sr. Gastão Bittencourt. A partida foi cercada de muita expectativa e um público grande foi registrado no recém construído Estádio Evandro Almeida (Baenão) com destaque para a forte presença feminina, que segundo os cronistas, davam naquele domingo um toque de elegância e beleza à partida.

Quem pode estar presente naquele dia ao estádio do Clube do Remo pode observar claramente que mesmo há 2.000 km de distância, o América recebeu forte apoio da torcida. Um grupo de ilustres pessoas como o Coronel Lapa, o Dr. Carlos Rios e o jornalista Cirus, que eram torcedores do Clube do Remo, se mostraram totalmente a favor de uma vitória pernambucana, em uma atitude que causou indignação à crônica esportiva paraense, pela falta de solidariedade com seus conterrâneos.

O primeiro tempo foi marcado por uma supremacia do Paysandu em campo, com uma bela atuação que levou muitos torcedores a achar que seria uma vitória certa, sentimento que ficou ainda mais forte quando o América marca um gol contra e quando o atacante paraense Mimi Sodré marca um gol em posição de impedimento, validado pela arbitragem. O Paysandu vai para o intervalo com uma vantagem de 2x0.

Caricatura da partida Paysandu x América em 1920
Os pernambucanos do América voltam para o segundo tempo com sentimento de vingança em seus corações e logo no começo da etapa final marcam um gol a favor, colocando equilíbrio à partida. Pouco tempo depois o América empata a partida em um lance considerado irregular, gerando fortes protestos em cima do árbitro Gastão Bittencourt que assinalou o gol como legal.

Foto do América F.C. em Belém (1920)
Foto do América F.C. em Belém - PA (1920)
O jogador celeste de nome “Suisso”, lateral esquerdo e capitão da equipe do Paysandu irrita-se e decide sair de campo em uma atitude fortemente repreendida pelos presentes ao Baenão naquele domingo. O América se aproveita do clima pesado no lado paraense e vira a partida de forma heroica, comandado pelo atacante argentino Salerno. Apesar do esforço desmedido dos jogadores Mimi Sodré e Artur Moraes que fizeram de tudo para impedir a derrota bicolor, o América saiu de campo vitorioso.


Os heróis pernambucanos eram João Batista (Nhozinho); Alexis e Aires; Rômulo, Bermudes e Zé Castro (Segismundo); Lapinha, Perez I, Dubeaux (Alemãozinho), Salerno e Perez II.


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