Mais uma vez América


É triste ver que em mais uma vez o América não consegue êxito no Campeonato Pernambucano, se dar conta que foi superado por adversários mais fragilizados tecnicamente e observar que foi justamente nos seus próprios erros onde perdeu sua classificação. Deparamos hoje com a história deste clube centenário minguando aos pouco em cada novo vexame e neste ano não foi diferente, o antigo Glorioso da Estrada do Arraial, denominação dada ainda nas épocas vitoriosas do alviverde recifense, já não consegue fazer jus ao passado vigoroso.

Fica claro o apequenamento da instituição que por gerações ostentou status de ser um rival difícil de ser batido dentro ou fora de casa e constante represente do futebol pernambucano em competições nacionais, mas, atualmente, o América é motivo de chacota, facilmente abatido por qualquer adversário, piada pronta para os jornalistas anacrônicos que ditam as regras da crônica local, sempre frisando a quase inexistência esmeraldina, rotulando erroneamente de nanico, clube que vive em constantes dificuldades, inexpressivo e irrelevante para do cenário esportivo e última estação para jogadores em final de carreira assim foi poucos dias atrás com Carlinhos Bala, as manchetes eufóricas noticiavam com ar sarcástico “O Rei sem Suditos” ou “O Rei Momo de Pernambuco” numa visível tentativa de desmerecer tanto atleta quanto clube.

E mais uma vez o América tinha oportunidade de afirmar não ser verdade, de todos estarem errados, mostrar o valor da camisa verde, tendo tido prazer de erguer seis vezes a taça máxima, honraria para poucos, apenas quatro clubes em atividade puderam fazer ecoar o grito de campeão, de revelar um resurgimento histórico dos escombros, contudo, essa crescente expectativa jogo a jogo foi se diluindo até restar apenas desespero e as últimas cartas. “Troca de treinador”, “vamos contrata mais jogadores”, “dispensa esse e reentrega aquele”, essa foi a filosofia (ou falta dela) daqueles que deveriam ter domínio da situação, mas numa sequência de desventuras rasgaram outro planejamento trocando o sonho de buscar um Campeonato Brasileiro Série D por algo mais condizente: escapar do rebaixamento.

Não existe explicação plausível para tamanha vexação, entra ano e sai ano e o Periquito sempre se encontra em situação difícil, nunca está brigando pelas cabeças e sim pela degola e pior possuindo uma das maiores folhas entre os considerados intermediários, tendo alguns bons valores individuais, mas que quando defendem o clube simplesmente nada fazem demonstrado que talvez a origem deste mal seja mais profunda e mais enraizada. É inaceitável ver o time que primeiro entra em pré-temporada não rende nada fisicamente, jogadores ou rascunhos disso andando em campo, não possui esquema tático ou se quer espírito de competitividade e estranhamente quem desde ano passado detém certificação de clube formador não utiliza sua prole. Muitos apontariam a responsabilidade ao treinador, mas seria apenas dele? E quem administra o futebol em sua essência ficaria isento? 

Para as duas perguntas a ressposta é não. O treinador é culpado por não proporcionar um treinamento digno, de não cobrar o empenho, buscar soluções táticas para melhor esquema de jogo ou escalar equivocadamente a equipe e não fazer trocas certas, da mesma maneira que os dirigentes são tão culpados quanto por trazer treinadores inadequados, jogadores fracos e sem grande qualidade técnica não sendo contratações pontuais e ainda por permanecer no erro, segurando até onde conseguir. Vemos então uma sucessiva série de desacertos tanto por parte da comissão técnica, que não indicou jogadores corretos e fez treinamentos abaixo do esperado assim como os dirigentes, muitas vezes empurrando com a barriga e esperando um milagre cair do céu; desta maneira os menos culpados são os jogadores já quem os deveria observar e qualificá-los não o faz, entretanto, possui sim sua parcela, alguns sentem-se maiores que a instituição, outros não fazem por onde e acham que estão aqui até conseguir coisa melhor e ainda os irresponsáveis que não ligam para nada e ainda geram desconforto interno.

É o América quem termina sendo o maior prejudicado, são quase 101 anos de trajetória, tradição conquistada com esforços e glórias, mas por má gestão do futebol, egos inflamados ou nível técnico sofrível ao logos dos anos vê seu nome escorrendo para as bocas de lobo rumando ao esgoto do esquecimento e os poucos torcedores que com o passar do tempo terminam esquecendo a áurea romântica que gira em torno do Periquito ficando marcados somente pelas inúmeras desilusões. Lembrando que o surrado clube ainda terá de arrumar forças para lutar contra um eventual rebaixamento, caso ocorra será a coroação da incompetência, mas a motivação que resta precisa partir desse princípio de não contemplar o esdrúxulo, torpe e inexplicável ano alviverde. A luta não pode acabar agora, ainda necessita sobrar alguma dignidade para evitar essa celebração trágica de mais uma decepção esmeraldina.

Verde de Esperança, sempre.

2 comentários:

  1. A análise é pertinente, embora eu não concorde com tudo.
    Só acho injusto dizer que não está usando a base. Glauber, Thiago Ramos, Márcio e Jackson praticamente estiveram presentes em todos os jogos. Jackson é nosso artilheiro. Fora eles, Adriano entra em praticamente todo jogo, Romarinho também sempre entra e Rei foi destaque em uma das vitórias do América, e sempre tem entrado no segundo tempo. Ainda tiveram Baia, Yuri e Borba... todos da base que foram usados em alguns jogos.

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